terça-feira, 17 de agosto de 2010

Tight

O fim.
Só essa frase já em si parace bem trágica.
Parece pior até do que o fim em si.
Fiquei pensando o que eu poderia falar sobre uma espécie peculiar (e particular) de término, sem parecer dramático, ou diminuir a intensidade dos fatos. Cheguei pra variar em conclusão nenhuma, mas com uma forte suposição.
Acontece que quando a gente passa por um término, um fim, ou qualquer variação de separação que o seu racional considere válido, a gente acaba pesando uma porção de fatores.
Acaba também muitas vezes se arrependendo e não achando uma maneira de voltar atrás. Ou no meu caso, sentindo que foi melhor por quase todos os lados, tirando um, aquele infeliz, o da saudade.
Eu sempre fico agarrada naquilo de gostar mais de mim.
Nunca dá certo.
Sempre prometo que vou me entregar menos, gostar menos, ser menos aberta pro que vier. A vida no final das contas deveria ser assim mesmo: aberta. Não só pra esses amores doidos, que tiram a gente do chão, manipulam trilhas sonoras, que faz a gente piscar e do nada já to sonhando. No final das contas, eu sempre me pergunto se eu continuo sã ou não.
Mas é bom, sei lá. Na hora é sempre tão bom.
Antes lá estava eu: com a minha chuva, violão, varanda. Um par de olhos e eu já tava satisfeita. Escrevi 16 posts sobre ele. Sobre como era a imensidão que ate hoje eu não entendo, que era meu sentimento não correspondido por um cidadão que tá longe de ser sonho.
Do nada minha vida deu aquele pulo louco (ela tem essa mania), mudou tudo. E eu tava no meu porto seguro, conhecia bem o que era sofrer por aquilo, por ele.
Tava acostumada.
Pior: Eu tava bem por estar mal.
Isso lá faz algum sentido?
Mais non sense foi esbarrar com um alguém que conseguiu de alguma forma sugar e deletar todo esse passado de quase um ano nas trevas e me fazer sorrir. Se eu gostava de ficar mal (inevitável admitir) eu estranhei ainda mais me sentir melhor. Como diabos isso podia acontecer assim tão merda de repente? Como que ninguém lá do além comunica essa surpresinha de novos affaires hoje em dia???? Como é pra que eu supostamente esbarre com isso e simplesmente viva?
Pois foi exatamente isso que aconteceu colega.
Doidera!
Parece que eu injetei uma heroína em pedra e simplesmente vivi. Sem pensar.
Doidera.
Foi bom, não quero mais olhar pra trás.
Acabou porque é isso que acontece com um sonho.
Você acorda.
Desce da nuvem.
Não olha pra trás.
Não lembra.
Esbarra todo dia com o sonho, sorri do sorriso do sonho. Abraça o sonho. Lembra do cheiro do sonho. Adora o idiota do sorriso do sonho. Ama o sonho só pelo fato dele ter despertado em você a vontade de sonhar. De novo.
Ama o sonho.
E acaba.
Eu posso definhar de saudade aqui, fechar o olho todo dia querendo sonhar com aquilo mais uma vezinha (isso também acontece bastante), mas eu to contando com a certeza que sexta, sábado, e muitos outros dias da minha vida eu ainda vou viver isso. Sexta agora se shiva quiser. Sem olhar pra trás.
Morro de vontade de (ter coragem) de ligar pra ele, contar que eu queria que ele estivesse aqui.
Que eu não quero olhar pra trás, mas que quero ele aqui.
Difícil né? Acabar assim. Porque você sente demais e ele sente de menos.
Eu sinto ate sonhando.
A conclusão que eu tirei disso (e eu tenho certeza de que você não entendeu nada): não adianta. As pessoas vão sempre te fazer sentir que mais hora menos hora você vai voar de tão feliz. Do nada, uma razão tão boba e tão pequena te tira toda essa sensação mágica. Essa razão, que nem foi pra mim, gerou a melhor medida a se tomar. Acabar.
Me botar em primeiro plano. Acreditar que eu posso fazer o meu próprio sonho. Que eu posso viver isso, e tomar as rédeas da minha vida.
Ocasionalmente a gente vai sonhar com isso, quem sabe ate poder viver essa coisa toda de novo. Mas enquanto isso não acontece, eu mudo a musica do blog, me inspiro em amores que não são amores, que duram pouco exatamente porque não são amores, que não me fizeram ficar louca, que me deram bons supiros, boas risadas, que me tiraram do chão. Que eu achei que nunca mais iria acordar de tão maravilhoso que foi.
Sonhos.


(segue nova musica blogal, fonte de inspiração pra esse post quase em algodão doce de tão vomitantemente romântico e mentiroso)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

''Living a life I can't leave behind''

Ele entra. Ajeita a gola da blusa que agora depois de tanto se mexer, parece amassada. Pirragueia. Fica olhando para a porta, impaciente, se perguntando se talvez fosse o azarento único dia do ano que ela não voltaria para casa, como rotineiramente faz.
Senta na beirada da cama.
Deixa escorrer uma lagrima.
De longe, provavelmente só em sua cabeça, a musica favorita dela tocava baixinho. E agora, ironicamente tarde demais, percebe o quanto a letra dizia sobre os dois.
Barulho de chave. Ele se recompõe.
Ela entra, se assusta com a presença dele. – Ei... – diz, desanimada. – Visitando o meu bairro?
- Oi – responde com um riso. Ele abaixa os olhos e encara os pés.
- O que te traz aqui? – perguntou apática.
- Queria conversar.
- Sobre?
- Queria me desculpar com você.
Sentiu um frio percorrer a espinha. Não estava esperando por isso.
- Hm... Jura? – ironizou.
- Sim...
- E posso saber o porque da mudança tão repentina?
- Arrependimento, talvez.
Mais um arrepio.
- Um pena você não ter sentido isso antes... – falou ela, cética.
- Fiquei pensando sabe... e... não sei me explicar bem, mas, queria muito que você entendesse... eu não quero te perder.
Se segurou em seus joelhos.
- Mas... – tentava formular uma resposta ríspida, porem tudo estava embaçado demais em sua cabeça.
- Fala... – insistiu ele.
- Mas... como é possível perder uma coisa que você nunca teve?
Ele suspira. Segurou uma segunda lagrima que estava ameaçando cair. Por dentro, ela desfaleceu. Realmente não sabia de onde tirara forças pra dizer o que disse. A principio, estava se segurando na certeza de que assim fosse melhor. Que talvez essa mentira conseguisse mudar o rumo das coisas pra ela. Ou sei lá, que talvez ele fosse um daqueles que resolvem dar valor depois que perdem.
- Sério? – perguntou, deixando transparecer sua tristeza.
- Pois é...
- Voce tá me tratando assim por causa das coisas que eu falei? – perguntou ele.
Ela pausou. Virou de costas pra ele, começou a arrumar coisas aleatórias pelo quarto. Esfregou os olhos. Se proibiu de ceder. Mas conseqüentemente se obrigou a sofrer.
- Eu não lembro de nada que você disse. – respondeu.
- Olha... eu quero que você saiba que eu me enganei. As pessoas cometem erros sabia? Você não pode simplesmente esperar que eu seja perfeito.
- Não espero. – ironizou. Ele prosseguiu:
- Hoje de manha eu acordei porque não senti o seu cheiro. Era estranho demais você não estar lá. As suas coisas sumiram. Tudo de repente desapareceu. Foi como se você nunca... – pausou.
- Nunca?
- Agora não importa, acho – disse ele.
- É... talvez não importe mesmo. – retrucou.
Ela voltou sua atenção para a arrumação do quarto. Até começou a cantarolar a tal música. Ele levantou. Começou a andar em direção a porta.
Ela não foi atrás.
- Entao... eu vou indo. Hm... desculpa aparecer aqui assim mas... – perdeu as palavras. Ficou parado ali, olhando pra ela, reprimindo a vontade de abraça-la.
- Vai lá... – disse. – Boa sorte. – sorriu.
Novamente ela se virou de costas pra ele, olhou pela janela pra admirar o sol que já se punha. Quanto tempo será que tinha durado essa conversa com tantas reticências?
Ficou presa pela beleza do sol.
Ouviu o barulho da porta batendo, nem tinha percebido que ele saíra de perto.
Pensou melhor.
Correu.
- Quero de falar uma coisa – ofegou.
- Oi... – falou ele, soltando a porta do elevador – Pode falar.
- Eu não sou ela. – disse.
- Ahn?
- Eu não sou ela.
- Sim, eu sei disso... mas...
- Não. – protestou – Não sabe.
Apoiou a cabeça na quina da porta, escondeu as lagrimas quentes que agora caíam.
- Eu não sou ela, entendeu? Eu não iria te machucar. Bem diferente do que você faz comigo. Eu nunca ...
- O que? – perguntou ele.
Ela o encarou.
- Eu nunca te abandonaria por tão pouco.
Ele colocou as mãos nos bolsos, a procura de um cigarro que não acenderia.
- Eu nunca quis que você fosse ela. – respondeu por fim.
- E eu nunca disse que você quis.
- Então... O que você quer com isso? – perguntou ele. – Quer que eu me ajoelhe aqui, te peça desculpas até 2035? Quer que –
- Tudo que eu quero é o tempo que eu perdi com você. Essa infelizmente é a única coisa que você não pode me dar. Sabe o que eu quero também?
- O que? - perguntou ele.
- Uma chance com a vida.
Ele a olhou no olhos.
- Voce não quer ser minha chance?
Ela queria .
- Eu tentei. Todos os dias. Todos os segundos. Mas não existe nada que eu possa fazer por você - pra tentar apagar essa marca que você tem – que você já não tenha me garantido de alguma forma que não vai funcionar. Não importa quantas vezes eu ceda, recomece. Dê sua chance. Voce nunca vai achar que é o suficiente.
Ele a encarou. Passou a mao por seus cabelos molhados, beijou sua testa. Demorou um pouco mais do que deveria, queria que ela sentisse seus dedos depois que ele a largasse de vez. Porque não haveria volta.
- Posso te fazer uma ultima pergunta? – falou ele.
- Pode.
Se afastou dela. Chamou o elevador para o sexto andar.
Andar um.
- Se eu dissesse que te amo, o que você faria?
Dois.
Ela continuou encarando o chão, sabendo que a voz dele naquela frase soaria pra sempre em sua cabeça. Ela nunca esqueceria.
Três.
Ele continuava a esperar por respostas. Os segundos não passavam. Ela continuava a olhar para o chão.
Secou os olhos.
Quatro.
Ela tirou a chave da maçaneta, trancou a porta.
Colocou sua mao no pescoço dele.
O beijou.
Ele a apertou com força contra seu rosto, não queria que ela saísse.
Alguem abre a porta do elevador no cinco.
Ela o larga.
- Responde – pediu.
Sexto andar.
Gente esquisita dentro do elevador.
Ele continua parado.
- É melhor você ir – falou ela.
- Responde.
- Vai... – pediu.
- Fala, por favor. – protestou. A porta do elevador novamente se fechava. Ela segurou a tempo, abriu pra que ele entrasse.
- Entra vai... – pausou. – Nao posso te consertar. Nao importa o que eu faça... vou sempre conseguir ver essa marca que voce tem. Fico pesando o que importa mais, o que eu precisaria que voce me dissesse que talvez ajeitasse o que tá quebrado entre a gente... Mas eu vou sempre ver a marca disso também. – falou. – Vou sempre lembrar tudo o que você me disse. Sempre lembrar que por mais que eu te de valor, nada disso vale a pena se é pra ser sozinha.

Ele a encarou.
Perdeu todas as falas.
Entrou no elevador.
A porta começou a se fechar devagar, e a luz calmamente se dissipava pela escuridão daquele poço.
Ele havia ido embora. De vez.


Acorda com um barulho.
Olha pro lado e vê o corpo estendido dele ao seu lado na cama a qual ela chorou por boa parte da noite, por todas as verdades que ele havia falado.
Ainda assim ela passou a noite. Queria que ele se desculpasse, mas isso não aconteceu.
Se levantou do quente da cama desfeita, começou a recolher suas coisas. Eram tantas...
Tomou coragem pra ir embora.
Pra nunca mais voltar.
Olhou uma ultima vez pra ele, que dormia em um sono tão inocente, e bateu a porta.
Resolveu descer pelas escadas.
Respirou o ar gelado da manhã.
Foi embora.
Ficou pensando no sonho que teve, um que pela primeira vez, ela se dava o valor que merecia, e não ficava esperando que alguém aparecesse sentado na beirada da sua cama, pedindo desculpa por simplesmente não sentir o que ela já não conseguia evitar pensar.







(escrevi esse conto a um tempao atrás, me achei na vontade de terminá-lo hoje, por razoes de compromisso blogal. Espero que voces gostem, semana que vem vou - de vez - colocar um pedacinho da minha historinha tao amada aqui, aquela que eu prometo a seculos. beijos queridos! (e para comentarios quaisquer - pra minha felicidade - é só apertar no desenho ddo lápis abaixo!))